O que é literatura? Para o professor Vítor Manuel de Aguiar a literatura é uma “atividade artística que, sob multiformes modulações, tem exprimido e continua a exprimir, a alegria e a angústia, as certezas e os enigmas do homem. (...) E assim há de continuar as ser com os escritores de amanhã. Apenas variará o tempo e o modo.” (IN: LAJOLO 7-8).
Pensando nesse comentário é que propomos levantar, mais uma vez, o debate: quadrinhos são ou não literatura?
O sentido da palavra clássicos, segundo LAJOLO – 1985, está relacionado ao ensino de obras literárias nas classes escolares. Antigamente aprendia-se gramática, por exemplo, por meio de Os Lusíadas, Ilíada, Eneida etc, por isso clássicos, ou seja, da classe.
Hoje vivenciamos a era digital. Todos os textos que circulam na Internet estão rodeados, ancorados por inúmeras imagens que, na opinião do quadrinista Will Eisner, ajudam o cérebro na produção de sentido, uma vez que esse órgão compreende primeiro as imagens e as traduz em palavras. Os quadrinhos já faziam isso uma meia década antes do advento da rede.
Distribua, numa sala de aula, vários livros e entre eles alguns quadrinhos e observe qual chamará primeiro a atenção dos estudantes; parece óbvio. Mesmo que não leiam, os quadrinhos serão os primeiros a serem folheados.
Quem nunca se pegou saboreando as páginas da turma da Mônica, Pato Donald ou não sonhou escalar as paredes como o Homem-Aranha, ou voar de um mundo a outro em segundos como o Super-Homem? Muitos que leem este texto agora, de uma forma ou de outra, tiveram contato com os quadrinhos ou até mesmo tiveram suas primeiras experiências de alfabetização com eles, como foi o meu caso. Algum conservador de plantão diria: quadrinhos é coisa de criança! Pegaria seu jornal e riria com aquela charge que faz uma crítica ácida a algum fato político da semana e para relaxar, leria - escondidamente, é claro - as tirinhas que costumam ser publicadas no seu jornal diariamente. Tirinhas essas que acabam virando livros, como as de Fernando Gonsales e seu implacável Níquel Náusea, que está na área desde os anos 80. Essas mesmas tirinhas chegaram a importantes vestibulares como os da FUVEST, UNICAMP, UERJ etc.
Pergunta-se: por que então as histórias em quadrinhos não são, por muitos, consideradas uma forma de literatura? Ora, se os clássicos são aqueles que permeiam as classes, os quadrinhos já o são há bons anos, e, portanto, são literatura e das boas, porque até o cinema, a sétima arte, já adaptou várias dessas histórias para as telas, cujos recordes de bilheteria causam estardalhaço, veja Cavaleiro das Trevas, Homem–Aranha (I,II, e III) e mais recentemente Watchmen.
As Graphic Novels, ou romances gráficos são considerados os grandes responsáveis por dar um novo formato aos quadrinhos com seus temas adultos. Artistas como Will Eisner, Robert Crumb, Craig Thompson, Frank Miller, Art Spiegelman entre outros, publicaram histórias que ficaram conhecidas por todo o mundo. Aqui no Brasil, também, temos bons representantes dessa arte, nomes como o de Lourenço Mutarelli, Marcatti, Wander Antunes etc, fazem com que os quadrinhos de temas adultos ganhem contornos nacionais.
A cena brasileira ainda vive no underground, atingindo pequenos grupos, o que é, a meu ver, lamentável, uma vez que o grande público deve ter contato com todo tipo de arte. Acredito que essa inércia das graphic novels em nosso país deva-se a esse preconceito em relação a essas obras, contudo, grandes editoras como a Companhia das Letras, tem aberto suas portas para os quadrinhos, e isso é um saldo positivo.
Mas quando falamos em escola, é preciso haver o bom senso de que algumas dessas publicações não são adequadas a esse ambiente, porém, o acesso a elas deve ser permitido de alguma forma, porque falamos em arte.
Devemos repensar o ensino de literatura e os quadrinhos, para que possamos ser justos na hora de abordar questões como a que ora propomos neste espaço e não deixarmos passar despercebido um momento tão fecundo do despertar à leitura, independentemente do formato que ela venha apresentar. Sentem-se em suas poltronas, apertem os cintos, abram seus quadrinhos e preparem-se para viajarmos por mares nunca d’antes navegados!
Pensando nesse comentário é que propomos levantar, mais uma vez, o debate: quadrinhos são ou não literatura?
O sentido da palavra clássicos, segundo LAJOLO – 1985, está relacionado ao ensino de obras literárias nas classes escolares. Antigamente aprendia-se gramática, por exemplo, por meio de Os Lusíadas, Ilíada, Eneida etc, por isso clássicos, ou seja, da classe.
Hoje vivenciamos a era digital. Todos os textos que circulam na Internet estão rodeados, ancorados por inúmeras imagens que, na opinião do quadrinista Will Eisner, ajudam o cérebro na produção de sentido, uma vez que esse órgão compreende primeiro as imagens e as traduz em palavras. Os quadrinhos já faziam isso uma meia década antes do advento da rede.
Distribua, numa sala de aula, vários livros e entre eles alguns quadrinhos e observe qual chamará primeiro a atenção dos estudantes; parece óbvio. Mesmo que não leiam, os quadrinhos serão os primeiros a serem folheados.
Quem nunca se pegou saboreando as páginas da turma da Mônica, Pato Donald ou não sonhou escalar as paredes como o Homem-Aranha, ou voar de um mundo a outro em segundos como o Super-Homem? Muitos que leem este texto agora, de uma forma ou de outra, tiveram contato com os quadrinhos ou até mesmo tiveram suas primeiras experiências de alfabetização com eles, como foi o meu caso. Algum conservador de plantão diria: quadrinhos é coisa de criança! Pegaria seu jornal e riria com aquela charge que faz uma crítica ácida a algum fato político da semana e para relaxar, leria - escondidamente, é claro - as tirinhas que costumam ser publicadas no seu jornal diariamente. Tirinhas essas que acabam virando livros, como as de Fernando Gonsales e seu implacável Níquel Náusea, que está na área desde os anos 80. Essas mesmas tirinhas chegaram a importantes vestibulares como os da FUVEST, UNICAMP, UERJ etc.
Pergunta-se: por que então as histórias em quadrinhos não são, por muitos, consideradas uma forma de literatura? Ora, se os clássicos são aqueles que permeiam as classes, os quadrinhos já o são há bons anos, e, portanto, são literatura e das boas, porque até o cinema, a sétima arte, já adaptou várias dessas histórias para as telas, cujos recordes de bilheteria causam estardalhaço, veja Cavaleiro das Trevas, Homem–Aranha (I,II, e III) e mais recentemente Watchmen.
As Graphic Novels, ou romances gráficos são considerados os grandes responsáveis por dar um novo formato aos quadrinhos com seus temas adultos. Artistas como Will Eisner, Robert Crumb, Craig Thompson, Frank Miller, Art Spiegelman entre outros, publicaram histórias que ficaram conhecidas por todo o mundo. Aqui no Brasil, também, temos bons representantes dessa arte, nomes como o de Lourenço Mutarelli, Marcatti, Wander Antunes etc, fazem com que os quadrinhos de temas adultos ganhem contornos nacionais.
A cena brasileira ainda vive no underground, atingindo pequenos grupos, o que é, a meu ver, lamentável, uma vez que o grande público deve ter contato com todo tipo de arte. Acredito que essa inércia das graphic novels em nosso país deva-se a esse preconceito em relação a essas obras, contudo, grandes editoras como a Companhia das Letras, tem aberto suas portas para os quadrinhos, e isso é um saldo positivo.
Mas quando falamos em escola, é preciso haver o bom senso de que algumas dessas publicações não são adequadas a esse ambiente, porém, o acesso a elas deve ser permitido de alguma forma, porque falamos em arte.
Devemos repensar o ensino de literatura e os quadrinhos, para que possamos ser justos na hora de abordar questões como a que ora propomos neste espaço e não deixarmos passar despercebido um momento tão fecundo do despertar à leitura, independentemente do formato que ela venha apresentar. Sentem-se em suas poltronas, apertem os cintos, abram seus quadrinhos e preparem-se para viajarmos por mares nunca d’antes navegados!